Apesar de ser uma estratégia muito conhecida nas empresas que atuam em áreas como tecnologia e robótica, a cultura maker ainda pode ganhar muito espaço no universo das escolas. Afinal, trata-se de uma ótima alternativa para estimular o desenvolvimento de uma série de habilidades em crianças e adolescentes, favorecendo o surgimento de soluções criativas para problemas desafiadores dentro e fora da escola, pois ao final do processo, eles ganham uma bagagem importante, que poderá ser utilizada no decorrer de toda sua vida.
Mas o que é a cultura maker?
Baseada no lema “Do it yourself” – que podemos traduzir para “Faça você mesmo” –, a ideia central da cultura maker é relativamente simples: colocar a mão na massa! Em outras palavras, é um convite para que os esforços de um projeto estejam orientados para que ideias sejam viabilizadas por algum tipo de criação material. É por isso que, em algum tempo, pessoas ligadas à cultura maker se sentem capazes de consertar ou construir algo desde que tenha um objetivo claro e as ferramentas corretas.
Por que a cultura maker deve fazer parte da educação?
Em resposta à evolução da sociedade, o modelo de ensino dominante deve estar sempre em renovação. É por isso que há tanto debate entre os educadores em torno das estratégias capazes de garantir o engajamento dos alunos e, consequentemente, seu êxito na longa jornada de aprendizagem. Com a cultura maker, os estudantes passam a ter uma posição muito mais ativa dentro de sala de aula enquanto os professores ocupam o papel de tutores e, como tal, de provocadores em torno do que, mais adiante, será apresentado como a solução de um determinado desafio.
Em resumo, podemos dizer que são incentivados a trabalhar em quatro pilares essenciais:
- Criatividade: dar asas à imaginação em busca de originalidade na abordagem dos problemas propostas em sala de aula.
- Colaboração: trabalho em conjunto é fundamental, especialmente quando consideramos o somatório de habilidades que marcam o contexto de cada aluno.
- Sustentabilidade: utilização de recursos disponíveis e que, de alguma maneira, possam ser aliados na busca por evitar o desperdício.
- Escalabilidade: aqui, a ideia é que o projeto possa ser replicado e, assim, o resultado possa ser compartilhado por outras pessoas que também estão inseridas na cultura maker.
Com isso, passam a desenvolver diversas habilidades que, inclusive, são mencionadas na Base Nacional Comum Curricular, a BNCC:
- Raciocínio lógico
- Criatividade
- Trabalho em equipe
- Domínio da matemática
- Concentração
- Resolução de problemas de diferentes formas.
Cultura maker X Sustentabilidade
Outro aspecto importante dessa estratégia é a sustentabilidade. Com o tempo, as práticas da cultura maker e a orientação dos educadores envolvidos com o projeto podem fazer com que os estudantes passem a questionar o modelo convencional de consumo. Perguntas como “por que não fabricamos os objetos que precisamos ao invés de comprarmos?” podem surgir e servir de reflexão para momentos em que a decisão a respeito de uma compra deva ser tomada. Esse tipo de abordagem leva a práticas como a do reaproveitamento, estimulando a reciclagem e, também, o emprego de recursos que antes não seriam vistos como elementos de valor. Cria-se a ideia de que o mais importante é chegar ao resultado, de modo que os elementos no meio do caminho podem ser trocados desde que haja pesquisa e dedicação para isso.
Atividades que colocam em prática a cultura maker
Apesar de a tecnologia ser uma grande aliada dessa estratégia, nem todas as atividades ditas makers precisam ser techs. Por isso, caso a sua escola ainda não conte com computadores, aulas de programação e de robótica, entenda que com papelão, fitas e papéis os alunos podem assumir o papel de makers da mesma forma. Estamos falando muito mais de uma forma de pensamento do que de uma lista de atividades que deve ser seguida à risca.
A seguir, sugerimos algumas propostas para engajar os alunos em desafios e soluções ligadas à cultura maker. Confira!
#1 Marcenaria
Se a ideia da cultura maker é criar com as mãos, a marcenaria é uma ótima solução para implementar a estratégia de fazer com que os alunos de fato atuem de maneira ativa. Por meio de atividades lúdicas, os alunos terão contato com outras disciplinas, como matemática e física, fazendo até mesmo com que essa atividade possa ser considerada como interdisciplinar. Além de móveis feitos pela equipe toda, os professores podem abordar outras temáticas, como objetos do dia a dia, pequenos veículos e muito mais!
#2 Produtos ecológicos
Como dissemos antes, a sustentabilidade é um tema que faz parte da cultura maker. Pensando nisso, que tal fabricar produtos sustentáveis? Além de realizar a coleta de materiais recicláveis, promovendo o combate ao desperdício, os alunos podem criar com suas próprias mãos objetos novos a partir dos utensílios que foram coletados. Roupas, acessórios e objetos podem ser ótimas criações a partir desta atividade. Outra opção interessante é criar gincana cujo objetivo é dar uma nova vida a materiais encontrados e coletados na própria escola. Os alunos podem, por exemplo, criar uma parceria com a cantina para dar uma nova destinação às latas de alumínio e às garrafas plásticas. O time da manutenção predial também pode ser envolvido, já que, possivelmente, é responsável pelo descarte de materiais que não tenham mais utilidade para a escola em seu formato original.
#3 Horta
A horta é uma ótima prática para fazer com que os alunos coloquem a mão na massa enquanto vivenciam diversos temas. Com a ajuda da interdisciplinaridade, além de pensarem a respeito da alimentação saudável e da importância de estar sempre renovando as áreas verdes, os professores de biologia podem apresentar o universo das plantas de forma muito mais analógica e interessante. Assuntos como as partes de uma determinada espécie deixam de ser apenas infográficos em livros para ganhar corpo. Enquanto isso, a disciplina de geografia pode fazer com que os alunos estudem a composição do solo.
#4 Prototipagem
Com a ajuda da tecnologia, de cabos e de uma boa dose de programação, as crianças e os adolescentes podem ser responsáveis por projetos incríveis, como a criação de robôs e até impressoras 3D. Inclusive, com a ajuda de arquivos que podem ser feitos pela turma ou encontrados na internet, é possível criar equipamentos que irão auxiliar outras pessoas na escola. Dois exemplos são: suportes, para os mais variados tipos de objeto e equipamentos; e as máscaras de proteção facial, também conhecidas como face shields.
#5 Melhorias nos espaços da escola
Além de conscientizar as crianças e os adolescentes sobre a importância de manter o ambiente limpo e organizado, é possível estimular os estudantes a praticar melhorias nos ambientes da escola com o objetivo de promover a inclusão. Desta maneira, os alunos podem trocar ideias entre si para achar soluções cabíveis para problemas que impossibilitam ou dificultam a vida cotidiana das pessoas com deficiência. Os alunos podem colocar a mão na massa no momento de produzir objetos e até mesmo participar da construção de rampas que irão facilitar o acesso de cadeirantes, por exemplo. Claro, tudo em um ambiente controlado e monitorado por adultos responsáveis.
#6 Campeonato de aviões de papel
Como já dissemos, executar o próprio projeto e deixar a imaginação fluir são dois dos pilares fundamentais da cultura maker. Sabendo disso, criar um campeonato de aviões de papel é uma ótima ideia para estimular os alunos a construírem seus próprios brinquedos e a criarem suas próprias dobraduras e pinturas. Ao final da atividade, peça aos estudantes que lancem seus aviões no ar e verifique qual deles chegou mais longe, sendo o vencedor.
Dicas anotadas? Agora, é só colocar em prática e se tornar um verdadeiro maker!